11/21/2016 0 Comentários viver do tempoNão sei bem quem sou. Não sei bem quem quero ser. Vivo na ansiedade, no tempo que não para, na vontade de cumprir objetivos os quais não conheço a verdadeira utilidade.
Estou mais uma vez atrasada, no telemóvel verifico as horas e continuo a correr, com o olhar focado onde quero chegar. Tropeço, e num reflexo agarro-me a um banco solitário. Ainda numa pulsação acelerada, paro e observo-o. Conhecia aquele jardim desde que vi o sol nascer pela primeira vez, no entanto pensei nunca o ter visto. A sua função não me era desconhecida e perguntava-me quem lhe iria dar utilidade. Sentei-me e procurei ver o mundo através dos seus olhos. Vejo corpos ocos, perdidos em ambições confusas, mas inquestionáveis. Chocam entre si como se cegos fossem, e as suas vidas dependessem de pequenas máquinas multifuncionais, para se orientarem. Sorriem sem sentido, como se fossem apenas o corpo e não a alma. Vozes cansadas, rotinas marcadas, vidas traçadas. Vivem de frustrações e com vitórias não ganham nada. Levantei-me e o meu olhar abrangeu mais que aquele jardim. Não sei quanto tempo estive ali, mas também já não preocupou. Questionei-me acerca do que me levara até ali. Medos. Opiniões. Superficialismos. Deveres. Regras. Dinheiro. Futuros programados por incertezas bem claras. (sobre)viver, pensei. Com tudo isto não há tempo. Nem mesmo para viver.
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11/14/2016 1 Comentário QUERIDA LUA,Espero ansiosamente a tua chegada para iluminar as minhas noites de escuridão quer sejam na minha solidão inconsolável, aconchegada no frio da minha cama, quer seja a andar por ai numa esperança de chegar até ti.
Paro, olho, sorrio e agradeço ter a oportunidade de te ter sempre aqui. Dás a conhecer o amor, a esperança, a paz e pureza que mesmo no escuro pode ser visto. És algo que me fascina pelo teu sistemático renascimento, sem nunca desistires de manter esta casa velha caída por dentro, erguida por fora. Ignorada e desvalorizada, continuas aqui, presente, mesmo quando passas por fases. E hoje, foste excecionalmente observada e elogiada por adquirires um maior tamanho... Somos iludidos por perspetivas insignificantes de cá de baixo, nunca nos lembramos que és tu quem reinas este vazio cheio de seres que não te dão a devida e merecida honra. Obrigada. -DIANA 11/11/2016 0 Comentários DIÁRIO: CASTANHAS!Dia 11 de Novembro. É mais um dia no calendário português que por algum motivo é diferente dos outros, e eu gosto disso.
Hoje é um daqueles típicos dias de Outono. Não há chuva, mas há frio suficiente para vestir as aconchegantes roupas da estação que não é bem Inverno nem bem Verão. Há folhas no chão, e um frio que não deixa o sangue chegar à ponta do nariz. Saio da estação e um agradavel cheiro faz me soltar um suspiro. Ah! Castanhas! Porque não? Pego no saco quentinho e vou ter com as minhas amigas. Continuo o meu caminhar. É uma quebra da rotina, há que aproveitar. ~in 11/10/2016 0 Comentários ROTINAS.Acordo. Arranjo-me, ou ao menos faço o minimo do esforço, e assim que ponho o corpo ainda adormecido fora de casa, sinto um acordar repentino de um pesadelo da loucura social.
São os compromissos, os deveres, as obrigações, as pressões, os pensamentos barulhentos do planeamento do futuro. A necessidade que sentem na antecipação sem valorização das surpresas. As preocupações diárias da construção dos momentos com a ausência de sensações únicas e memoráveis. O vício de estar fechado numa caixa aberta impacientemente à espera do "a seguir". A loucura residente na cabeça para idiolatrar o estériotipo em vez de fazer a diferença em ser diferente. Entram no comboio que segue para o destino escolhido, inconscientes dos imprevistos que poderão afetar as suas ideias tão específicas e definidas e sempre com a pressa de correr na vida. Manipulam consciências perdidas na inconsciência esgotada por momentos sobrepostos. Fica em ruínas as experiências da descoberta onde agora se constrói um castelo alimentado de cedência. Repete-se sempre o pensamento do limite temporal, do vício do amanhã já no seu final sem ter passado pelo hoje. Até que um dia, ao acordar conseguem realmente abrir os olhos mas vêm-se deparados com o desperdício de oportunidades de sensações singulares e conjugadas que ela oferecia, parecendo, no momento, insignificantes. Rotinas. - Diana Lupi |
AutoresDiana Lupi e Inês Pleno HistóricoCategorias |