11/21/2016 0 Comentários viver do tempoNão sei bem quem sou. Não sei bem quem quero ser. Vivo na ansiedade, no tempo que não para, na vontade de cumprir objetivos os quais não conheço a verdadeira utilidade.
Estou mais uma vez atrasada, no telemóvel verifico as horas e continuo a correr, com o olhar focado onde quero chegar. Tropeço, e num reflexo agarro-me a um banco solitário. Ainda numa pulsação acelerada, paro e observo-o. Conhecia aquele jardim desde que vi o sol nascer pela primeira vez, no entanto pensei nunca o ter visto. A sua função não me era desconhecida e perguntava-me quem lhe iria dar utilidade. Sentei-me e procurei ver o mundo através dos seus olhos. Vejo corpos ocos, perdidos em ambições confusas, mas inquestionáveis. Chocam entre si como se cegos fossem, e as suas vidas dependessem de pequenas máquinas multifuncionais, para se orientarem. Sorriem sem sentido, como se fossem apenas o corpo e não a alma. Vozes cansadas, rotinas marcadas, vidas traçadas. Vivem de frustrações e com vitórias não ganham nada. Levantei-me e o meu olhar abrangeu mais que aquele jardim. Não sei quanto tempo estive ali, mas também já não preocupou. Questionei-me acerca do que me levara até ali. Medos. Opiniões. Superficialismos. Deveres. Regras. Dinheiro. Futuros programados por incertezas bem claras. (sobre)viver, pensei. Com tudo isto não há tempo. Nem mesmo para viver.
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AutoresDiana Lupi e Inês Pleno HistóricoCategorias |